As aventuras de negão...
Por: Priscila Gorzoni*
Esse texto é dedicado a todos os animais que vivem nas nossas ruas, vagando e tentando sobreviver nessa selva de pedra.
Se ver um animal abandonado dê assistência...seja humano.
Esse texto é dedicado a todos os animais que vivem nas nossas ruas, vagando e tentando sobreviver nessa selva de pedra.
Se ver um animal abandonado dê assistência...seja humano.
“A grandeza de uma nação pode ser julgada pela forma que
seus animais são tratados”
GANDHI
Mudei o meu
trajeto diário até o trabalho só para ver o Negão, uma mistura de pequinês e
sem raça definida. Eu estava preocupada com Negão, imaginava que ele podia ser
mais um cachorro de rua. Por sorte, descobri que não era.
A primeira vez que o vi, ele sacolejava
o pequeno corpo peludo pela Rua. Oswaldo Cruz, entre um carro e outro. Fiquei
preocupada, mas Negão já estava longe, não dava tempo de alcançá-lo, atravessando
entre um carro e outro e por sorte, todos esperando o pequeno cãozinho
atravessar a rua.
Negão, como todos os cachorros, é
de uma inteligência fora do comum. Inteligência que ainda tira o sono de vários
pesquisadores especializados no assunto. Eu nunca duvidei da inteligência dos
animais.
Já faz mais
de sete meses que acompanho Negão, fui em uma destas minhas observações que
descobri Negão tem morada e dono. Quem cuida dele são os funcionários do
estacionamento que fica na Avenida Amazonas. Ele é bem cuidado, gordinho e pelo
seu andar, já tem certa idade.
Um dia,
voltando de uma palestra às 21 horas o vi perambulando pelos arredores do
jardim. Ele ia longe, andar lento, balançado, feliz. Caia uma chuvinha fina e
fria e Negão parecia não se importar com o tempo, o frio e a chuvinha. Quando
vi ele sumiu na esquina, é provável que tenha voltado para a sua morada.
Preocupada
perguntei para um guarda sobre o cachorrinho. Ele disse que o cachorro era do
dono do estacionamento e que todos os moradores ajudavam a cuidar dele. Fiquei
mais aliviada. Alguns dias depois fiz contato com o pessoal da Associação
Protetora dos Animais de São Caetano e eles me informaram que Negão era do
estacionamento e fazia visitas frequentes ao veterinário.
Ele me
pareceu bem, apesar dos pelos emaranhados.
Nunca vi o
Negão bravo, só uma vez, ele latia bravo para um bêbado que passava na sua
calçada. Neste dia Negão mostrou os pequenos dentinhos e avançou aos brandos
sobre o invasor.
Em outra
manhã, ele voltava de seu passeio matinal, em passos lentos e parou exatamente
ao meu lado para atravessar a Avenida Amazonas. Eu olhei para ele decidida a
atravessá-lo. Ele me olhou, parecia me conhecer e então eu o chamei:
-Vem, vem!
Ele me
olhou um pouco desconfiado, uma desconfiança que considerei importante para os
animais, já que infelizmente, os seres humanos não são tão confiáveis.
Hoje
novamente mudei o meu trajeto, mas não vi Negão...ele devia estar fazendo o seu
passeio matinal.....
Mas uma coisa é certa, o dia que vejo Negão, é um dia mais feliz, muito mais feliz.
Mas uma coisa é certa, o dia que vejo Negão, é um dia mais feliz, muito mais feliz.
*É jornalista e pesquisadora formada pela Universidade
Metodista, em ciências sociais pela USP e Direito pela Universidade Mackenzie,
tem pós graduação latu senso em Fundamentos e Artes pelo Instituto de Artes da
UNESP de São Paulo e atualmente faz mestrado em história, com um projeto de
antropologia histórica pela PUC de São Paulo. Como jornalista escreve para as
revistas National Geographic Brasil da editora abril, História em Curso da
editora minuano.
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