Isola Maria Marques Teani: a primeira professora de
EMEI
Por: Priscila Gorzoni
O interesse pela área da
educação não entrou na vida de Isola Maria Marques Teani na infância, como boa
parte das professoras.
A primeira e uma das
fundadoras das EMEIS na cidade nasceu em São Caetano do Sul, na Rua. Rio Grande
do Sul. Foi criada apenas pela mãe e estimulada por ela entrou no mundo do
magistério. “O meu pai era português, mas vivia com a minha mãe e eu no Brasil.
Quando a minha avó faleceu ele voltou para Portugal com o objetivo de cuidar
das coisas. Nunca mais o vi”, diz.
Isola conta que naquela
época era complicado para as mulheres, queria fazer o clássico, Direito, mas
movida pela necessidade da sobrevivência e mais segurança entrou para o
universo da educação.
Iniciou
a sua carreira dando aulas como professora substituta, na hoje.
EMEF Dom Benedito Paulo Alves de Souza. Depois resolveu se
inscrever na delegacia de ensino para dar aulas nas escolas do Estado. Não foi
uma vida fácil, viajava todos os dias para Mauá, na escola Estadual Odila Bento
Mirarchi. “Não tinha ônibus direto, eu pegava o trem, e uma perua que saia do
centro da cidade. Os horários eram bem restritos, tanto que a diretora até
alterou a nossa entrada. Assim dava tempo de chegar a escola”, conta.
Desta época Isola guarda lembranças
engraçadas, mas não tão boas. “Descíamos na estrada e quando a perua vinha
chegando era um buzinaço só. Um dia descendo o barranco para alcançar o ônibus
o meu sapato quebrou e eu tive que vir descalça até Santo André”, lembra.
Embora não tenha planejado entrar para a
área da educação, Isola se encontrou totalmente. “Eu gostava, pois encontrava
as pessoas, sempre quis o bem de todos. Adoro me comunicar, as mães não me
aborreciam, quando ela chegava até me ajudavam. Afinal é conversando que se
entende”, conta.
O início
Na década de 50, Isola começou a
observar a construção de uma nova escola na Avenida Goiás, próximo de onde hoje
fica a câmara atualmente.
Essa seria a primeira EMEI da cidade e
se chamou mais tarde EMEI Primeiro de Maio. A escola foi criada em 1958
pelo prefeito Oswaldo Samuel Massei. “Fui
atrás para ver se precisavam de professoras. Porém só em outubro de 1958 fomos
admitidas oficialmente. Mas já trabalhávamos na escola bem antes dessa data”,
lembra.
A estrutura das escolas era totalmente
diferente da atual. As professoras tinham que comprar os materiais, faziam as
matrículas das crianças e até ajudavam na limpeza. “Em agosto começamos a fazer
as matriculas das crianças de 4 a 6 anos. As salas tinham 50 crianças e apenas
duas professoras”, lembra.
Durante um tempo Isola teve que dar conta
das 50 crianças e as dificuldades de lidar com os problemas de espaço, falta de
estrutura. Porém a escola era uma referência na região, tanto que recebia
crianças de todos os locais.
Mais tarde, foram criadas regras que
obrigavam as professoras a fazerem cursos no departamento de educação física do
Estado de São Paulo. “Aprendemos a trabalhar com jogos psíquicos, motores,
sensoriais, poesia, história, cantos. Mas também trabalhávamos de segunda a
sábado. Ajudava a limpar os banheiros, recolhia o lixo”.
Muitas histórias aconteceram nesse
período. Isola não se esquece de algumas delas, entre elas a de um aluno que
pediu para ir ao banheiro, mas acabou indo para casa. Só voltou depois de muito
tempo quando ela já havia procurando em toda a região. “Ele saiu da escola,
pegou um táxi na Rua. Manoel Coelho. Não sei como ele conseguiu sair, porque o
muro era alto”, conta.
Nesse primeiro momento foram abertos
mais 3 Parques infantis: no bairro Fundação, Barcelona e São José.
Em 1961, o prefeito
Anacleto Campanella transferiu a administração da escola para o estado, pedindo
a exoneração das professoras que não haviam alcançado o tempo exigido de
estágio. Como ela tinha estágio e tempo de trabalho, não perdeu o emprego, mas
foi transferida para trabalhar no setor de obras.
Em 1965 Isola assumiu como diretora a
EMEI Emílio Carlos e ficou na escola até 1970.
Em 1969, o prefeito,
Hermógenes Walter Braido, assinou um decreto que transformava o parque infantil
em pré-escola e a EMEI Primeiro de Maio foi recuperada pelo município. Nessa
época Isola estava na direção da EMEI José Ferrari e voltou pra a Primeiro de
Maio.
Após 1970 e com a luta
das professoras, os trabalhos passaram a ser de segunda a sexta-feira, as salas
tinham até 35 alunos e a situação melhorou. “Criamos diversos benefícios e os
professores precisavam ter a formação em pedagogia”, exemplifica.
Em dez de fevereiro de
2001, a EMEI Primeiro de Maio mudou de endereço. O novo prédio, com instalações
modernas, encontra-se na Rua Rafael Correia Sampaio, 584.
Mas as lembranças de uma
Primeiro de Maio com um galpão de sapé, 100 crianças e duas professoras nunca
saiu da memória de Isola.
Ela tem saudades, muitas
saudades.
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