terça-feira, 7 de junho de 2016

Série Os Personagens inusitados de São Caetano do

Sul

Amilcar: o dono do farol, da sensibilidade e da

 comunicação

Por: Priscila Gorzoni




Os faróis da cidade pertencem a Amilcar Lelis Borsari, 54 anos, entregador de jornais.
As atenções dos motoristas só desviam do farol para receber a simpatia de Amilcar e ele sabe como tirar o sorriso de quem passar por ele.
Conheci Amilcar há três anos e fiquei encantada pela sua forma de trabalhar e o amor pelo o que faz.
Por isso inicio essa Série Personagens inusitadas de São Caetano do Sul contando um pouco da história desse famoso da cidade.
Todo mundo conhece Amilcar, ele é um rapaz simpático que cativa todos com a sua recepção e conversa.
Todos os dias que venho para o meu trabalho o encontro em um dos faróis entrando entre os carros e distribuindo os seus jornais.
As pessoas já o conhecem, alguns abrem a janela do carro e pedem o jornal outros param em frente ao seu carrinho e pegam um exemplar.
Poucos sabem que Amilcar nasceu em São Paulo e se tornou entregador de jornais há 6 anos. Ele começou em São Paulo e após 3 anos veio para São Caetano do Sul.
Ele conta que se tornou entregador de jornais “levado pela vida”. Antes passou por vários empregos de vendedor até auxiliar de escritório.
E foi exatamente quando trabalhava no escritório que apareceu a oportunidade de ganhar dinheiro entregando jornais e ele aceitou. “Sempre gostei de lidar com o público, por isso o meu trabalho não é só uma questão de sobrevivência, mas de prazer. Para fazer esse serviço tem que gostar. Gosto muito de conhecer pessoas e aqui todos são muito generosos já ganhei muitos presentes, sapatos, roupas e até cestas básicas. Mas o que mais me emociona é quando as pessoas me confiam as suas histórias. Já vi muita coisa aqui nesse cruzamento, de pessoas chorando até atropelamentos”, conta emocionado.




E não é fácil mesmo, durante alguns minutos acompanho Amilcar entrando no meio dos carros, se arriscando, dá medo. Fiz isso para fotografa-lo e sinceramente tive medo de ser atropelada a atenção tem que ser extrema.
Não é fácil.
Ele conta que precisa prestar muita atenção aos carros, ao farol, às motos e às bicicletas e isso só aprendeu no dia a dia. “A parte mais crítica é a hora do pico, tem que olhar constantemente o movimento para não se acidentar”, relata.
Amilcar também se considera um cara de sorte, uma vez quase perdeu o pé. Um carro deu ré e não viu o pé dele, conclusão pegou o bico do sapato e por sorte foi só isso. Em tempo o motorista tirou o carro e o pé saiu ileso. Portanto além de aprender a lidar com as pessoas, ter sensibilidade é importante ter um bom condicionamento físico. E isso Amilcar desenvolveu no cotidiano. “É preciso ter sensibilidade, saber a hora de chegar e compreender quem está aberto a receber o jornal. Tenho que respeitar a privacidade das pessoas”, lembra.


O entregador de jornais tem uma vida simples, mora na divisa de São Caetano do Sul com São Paulo e pretende formar uma família. “Eu tenho uma vida modesta, gosto muito de ler livros de romance, política, filosofia. Sou registrado, como o meu jornal é diário tenho trabalho todos os dias. Tenho uma estabilidade, agora só falta a família”, relata.




(ESSE TEXTO NÃO PODE SER COPIADO SEM OS DEVIDOS CRÉDITOS DE AUTORIA, CONFORME A LEGISLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS LEI 9610, de 19 de fevereiro de 1998, "Dos Direitos Morais do Autor", Artigo 24, Inciso II. POR FAVOR, NÃO COPIEM, COMPARTILHEM O LINK. OBRIGADA)  


Fonte: O livro das curiosidades de São Caetano do Sul, Priscila Gorzoni


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