Série Os Personagens inusitados de São Caetano do
Sul
Amilcar: o dono do farol, da sensibilidade e da
comunicação
Por: Priscila Gorzoni
Os faróis da cidade pertencem a Amilcar Lelis
Borsari, 54 anos, entregador de jornais.
As atenções dos motoristas só desviam do farol para
receber a simpatia de Amilcar e ele sabe como tirar o sorriso de quem passar
por ele.
Conheci Amilcar há três anos e fiquei encantada pela
sua forma de trabalhar e o amor pelo o que faz.
Por isso inicio essa Série Personagens inusitadas de
São Caetano do Sul contando um pouco da história desse famoso da cidade.
Todo mundo conhece Amilcar, ele é um rapaz simpático
que cativa todos com a sua recepção e conversa.
Todos os dias que venho para o meu trabalho o
encontro em um dos faróis entrando entre os carros e distribuindo os seus
jornais.
As pessoas já o conhecem, alguns abrem a janela do
carro e pedem o jornal outros param em frente ao seu carrinho e pegam um
exemplar.
Poucos sabem que Amilcar nasceu em São Paulo e se
tornou entregador de jornais há 6 anos. Ele começou em São Paulo e após 3 anos
veio para São Caetano do Sul.
Ele conta que se tornou entregador de jornais “levado
pela vida”. Antes passou por vários empregos de vendedor até auxiliar de
escritório.
E foi exatamente quando trabalhava no escritório que
apareceu a oportunidade de ganhar dinheiro entregando jornais e ele aceitou. “Sempre
gostei de lidar com o público, por isso o meu trabalho não é só uma questão de
sobrevivência, mas de prazer. Para fazer esse serviço tem que gostar. Gosto
muito de conhecer pessoas e aqui todos são muito generosos já ganhei muitos
presentes, sapatos, roupas e até cestas básicas. Mas o que mais me emociona é
quando as pessoas me confiam as suas histórias. Já vi muita coisa aqui nesse
cruzamento, de pessoas chorando até atropelamentos”, conta emocionado.
E não é fácil mesmo, durante alguns minutos
acompanho Amilcar entrando no meio dos carros, se arriscando, dá medo. Fiz isso
para fotografa-lo e sinceramente tive medo de ser atropelada a atenção tem que
ser extrema.
Não é fácil.
Ele conta que precisa prestar muita atenção aos
carros, ao farol, às motos e às bicicletas e isso só aprendeu no dia a dia. “A
parte mais crítica é a hora do pico, tem que olhar constantemente o movimento
para não se acidentar”, relata.
Amilcar também se considera um cara de sorte, uma
vez quase perdeu o pé. Um carro deu ré e não viu o pé dele, conclusão pegou o
bico do sapato e por sorte foi só isso. Em tempo o motorista tirou o carro e o
pé saiu ileso. Portanto além de aprender a lidar com as pessoas, ter sensibilidade
é importante ter um bom condicionamento físico. E isso Amilcar desenvolveu no
cotidiano. “É preciso ter sensibilidade, saber a hora de chegar e compreender
quem está aberto a receber o jornal. Tenho que respeitar a privacidade das
pessoas”, lembra.
O entregador de jornais tem uma vida simples, mora
na divisa de São Caetano do Sul com São Paulo e pretende formar uma família. “Eu
tenho uma vida modesta, gosto muito de ler livros de romance, política,
filosofia. Sou registrado, como o meu jornal é diário tenho trabalho todos os
dias. Tenho uma estabilidade, agora só falta a família”, relata.
(ESSE TEXTO NÃO PODE SER COPIADO SEM OS DEVIDOS CRÉDITOS DE AUTORIA, CONFORME A LEGISLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS LEI 9610, de 19 de fevereiro de 1998, "Dos Direitos Morais do Autor", Artigo 24, Inciso II. POR FAVOR, NÃO COPIEM, COMPARTILHEM O LINK. OBRIGADA)
Fonte: O livro das curiosidades de São Caetano do Sul, Priscila Gorzoni
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