sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Uma Capela perdida no tempo

Por: Priscila Gorzoni*


                       Acervo/Fundação Pró Memória de São Caetano do Sul


            Quem vem tranquilamente caminhando pela Avenida Senador Roberto Simonesen, em direção a Avenida Goiás se surpreende ao cruzar com uma rua, uma travessa chamada Rua. Constituição. Entrando nessa rua, bem no meio dela, nos deparamos com uma pequena capela azul, tímida e misteriosa.

Além da Capela dos Cavana existe outra capela na cidade, chamada de Capela de Santo Antônio, que fica na Rua. Constituição sem número, no Bairro Santo Antônio.
            Essa capela, apesar de pequena e escondida é interessante. As paredes são de azulejos bem azuis o que faz um belo contraste com os portões brancos. Apesar da simplicidade, ela se destaca das casas em sua volta. É uma construção que ficou no tempo, na história. Como uma foto preta e branca que fala por si.

            Tímida e curiosa é uma das poucas capelas que sobraram dos antigos moradores da cidade. Ela carrega em suas paredes histórias de São Caetano do Sul.

            A ´verdadeira` Capela Santo Antônio foi construída em 1924 por Ricardo Mariani Molinaro, e ficava na antiga rua. Santo Antônio, atual Avenida Senador Roberto Simonsen. Ela foi demolida e reconstruída em 1960, na Rua. Constituição.

            Esse é sem dúvida um dos pontos mais interessantes e importantes para se visitar na cidade.
            Assim como a Capela Santo Antônio, em todo o ABCD surgiram várias capelas em devoção de diversos santos e santas, mas parece ter sido Santo Antônio o privilegiado.

            Os antigos moradores explicam essa predileção de uma maneira inusitada. Diziam que as famílias assentadas no Núcleo Colonial confundiram em principio, a imagem de São Caetano existente na primitiva capela local, com a de Santo Antônio, porque eram muito semelhantes e ambos os santos carregavam o Menino Jesus nos braços.

            A Capela Santo Antônio foi construída pela família de João Molinari em retribuição a um milagre. Contam que no verão de 1919, desabou um temporal em São Caetano do Sul e a família colocou-se a rezar em torno do oratório que guardava um Santo Antônio trazido de Modena, na Itália em 1885. Quando isso acontecia, uma faísca afetou o telhado e atingiu o oratório, sem causar danos maiores, deixando a imagem do santo ilesa e inclusive mantendo as suas velas acessas.

            Assustados com o milagre, a família construiu uma capelinha e sobre a porta de ferro colocou uma placa de mármore com os seguintes dizeres: “Capela Sant Antonio, Ricordo di Mariana Molinari-1924”.

            A capelinha original foi demolida em 1960 para abertura da rua. Constituição e outra foi construída ao lado da antiga, sendo preservada até os dias atuais, com a imagem centenária.

Box: Os Molinari vieram da Itália para São Caetano do Sul e passaram a morar no bairro Cerâmica. A primeira atividade dos Molinari foi cultivar a terra, construir sua casa de madeira roliça e portas improvisadas de caixões. A casa foi levantada na rua. Projetada, que depois ganhou o nome de Santo Antônio, em função da capela Santo Antônio, dos Cavana, provavelmente onde é hoje a avenida Senador Fláquer. Os primeiros Molinari eram Giovanni Molinari e sua mulher Mariana Nery Molinari. Quando chegaram ao Brasil da Itália, moraram em São Paulo e só em 1894 mudaram-se para São Caetano do Sul.

Em São Caetano, os Molinari foram recebidos pelos Cavana, que viviam em uma colônia que ficaria hoje o cruzamento das ruas. Senador Roberto Simonsen e Baraldi. Os Molinari e Cavana então e tornaram grandes amigos e seus filhos até se casaram. Nos negócios, os Molinari se fixaram no bairro Cerâmica e abriram uma fábrica de colchão chamada Giovanni Molinari & Figli.  

Outra atividade que os Molinari desenvolveram foi no bairro Cerâmica, no trabalho de beneficiamento de caulim. O produto era extraído na Vila Nossa Senhora das Mercês. Eles arrendavam as terras, venciam a mata virgem, andavam de carros de boi até chegar na cava. Carroças e carroções retornavam com caulim até a Estação São Caetano, de onde era enviado aos compradores.




Fonte: O livro das curiosidades de São Caetano do Sul, Priscila Gorzoni

(ESSE TEXTO NÃO PODE SER COPIADO SEM OS DEVIDOS CRÉDITOS DE AUTORIA, CONFORME A LEGISLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS LEI 9610, de 19 de fevereiro de 1998, "Dos Direitos Morais do Autor", Artigo 24, Inciso II. POR FAVOR, NÃO COPIEM, COMPARTILHEM O LINK. OBRIGADA)

Para ver mais posts sobre São Caetano do Sul: http://promemoriasaocaetano.blogspot.com.br/

Referências

Antônio, santo dos italianos, dos portugueses....e de todo mundo, Valdenízio Petrolli, Revista Raízes 13.

Era uma vez....(crônica de uma época), Jayme da Costa Patrão, revista Raízes 4.
Migração e Urbanização: a presença de São Caetano na região do ABC, Ademir Medici.



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