sexta-feira, 27 de novembro de 2015

As histórias da Cerâmica de São Caetano do Sul
Por: Priscila Gorzoni





A origem da cerâmica de São Caetano encontra-se na Cerâmica Privilegiada do Estado de São Paulo, que iniciou suas atividades em 1913.
Ela foi a primeira indústria autorizada a construir filial no Distrito Federal e teve seus ladrilhos especificados para as obras governamentais de Oscar Niemeyer. Juscelino Kubitschek em seu livro Por que construí Brasília citou como excelentes os ladrilhos São Caetano.



Fonte: O livro das curiosidades de São Caetano do Sul, Priscila Gorzoni


(ESSE TEXTO NÃO PODE SER COPIADO SEM OS DEVIDOS CRÉDITOS DE AUTORIA, CONFORME A LEGISLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS LEI 9610, de 19 de fevereiro de 1998, "Dos Direitos Morais do Autor", Artigo 24, Inciso II. POR FAVOR, NÃO COPIEM, COMPARTILHEM O LINK. OBRIGADA)

Os carvoeiros do Tijucuçu
Por: Priscila Gorzoni




Além da cerâmica, a produção de carvão tornou-se bastante comum no Núcleo Colonial de São Caetano. 
A grande oferta de lenha e a existência de um mercado consumidor foram os responsáveis pelo desenvolvimento da atividade de carvoeiro. 
Vários imigrantes italianos passaram a fabricar carvão para vendê-lo nas redondezas. 
Um dos fabricantes mais famosos foi uma mulher chamada Marina Giacomini, que tinha o apelido de Carbonara. 
No inicio do século XX, a atividade entrou em declínio em São Caetano do Sul.


Fonte: O livro das curiosidades de São Caetano do Sul, Priscila Gorzoni


(ESSE TEXTO NÃO PODE SER COPIADO SEM OS DEVIDOS CRÉDITOS DE AUTORIA, CONFORME A LEGISLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS LEI 9610, de 19 de fevereiro de 1998, "Dos Direitos Morais do Autor", Artigo 24, Inciso II. POR FAVOR, NÃO COPIEM, COMPARTILHEM O LINK. OBRIGADA)

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Nas terras do Tijucuçu
Por: Priscila Gorzoni




Antes de se chamar São Caetano do Sul, a cidade que não era uma cidade ainda, mas uma vila ou povoado, se chamava Tijucuçu.
Aurélio Buarque de Holanda traduz o verbete “tijucu” como: líquido, podre, lama, charco, pântano, atoleiro.
A palavra Tijucuçu, que aparece com a grafia de Tijucussú na carta de sesmaria escrita por Dr. José Inácio Ribeiro Ferreira no século XVIII teve várias formas de ser escrita.
Essa palavra é originária do tupi e em uma ata anterior a citada é grafada como Tejuguossuu.
No Tombo do Mosteiro de São Bento de 1771, ela aparece como Tojucusú. Seu significado segundo o sociólogo José de Souza Martins em sua obra São Caetano do Sul em Quatro Séculos de História é lama, charco, atoleiro. Fazendo referência ao grande lamaçal que se formava na cidade quando chovia.


Fonte: O livro das curiosidades de São Caetano do Sul, Priscila Gorzoni


(ESSE TEXTO NÃO PODE SER COPIADO SEM OS DEVIDOS CRÉDITOS DE AUTORIA, CONFORME A LEGISLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS LEI 9610, de 19 de fevereiro de 1998, "Dos Direitos Morais do Autor", Artigo 24, Inciso II. POR FAVOR, NÃO COPIEM, COMPARTILHEM O LINK. OBRIGADA)

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Olarias a todo vapor...
Por: Priscila Gorzoni




Em 1890 estavam em funcionamento, em São Caetano do Sul, seis olarias. No ano seguinte, a atividade da olaria continuou se expandindo e outras famílias italianas instalaram suas olarias ao longo do Núcleo de São Caetano.
O trabalho nas olarias não era leve. Ele consistia em várias funções. O caçambeiro ou carroceiro extraia o barro nas várzeas e o levava até as olarias. O pipeiro fazia a pipa (grande vasilha de madeira na qual se misturavam os diferentes tipos de barros) funcionar e abastecia o batedor para a modelagem do barro. O lançador untava com areia a forma onde o barro era moldado e assentava os tijolos frescos nas gambetas (locais onde os tijolos eram colocados para secar).

Fonte: O livro das curiosidades de São Caetano do Sul, Priscila Gorzoni


(ESSE TEXTO NÃO PODE SER COPIADO SEM OS DEVIDOS CRÉDITOS DE AUTORIA, CONFORME A LEGISLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS LEI 9610, de 19 de fevereiro de 1998, "Dos Direitos Morais do Autor", Artigo 24, Inciso II. POR FAVOR, NÃO COPIEM, COMPARTILHEM O LINK. OBRIGADA)

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Os mistérios da Igreja Matriz velha
Por: Priscila Gorzoni




Em 1717, os monges beneditinos iniciaram a construção de uma capela nas terras do Tijucuçu, como era conhecida São Caetano do Sul. Ela ficava no mesmo lugar onde está hoje a Igreja Matriz Velha, no Bairro Fundação.
Nos séculos XVIII e XIX, eram rezadas missas todos os domingos para os moradores do Bairro de São Caetano e os escravos da fazenda dos monges beneditinos. Ali também eram realizados sepultamentos. Mais tarde, em 1883, os imigrantes italianos do Núcleo Colonial, demoliram a capela e construíram a igreja Matriz Velha.

Fonte: O livro das curiosidades de São Caetano do Sul, Priscila Gorzoni



(ESSE TEXTO NÃO PODE SER COPIADO SEM OS DEVIDOS CRÉDITOS DE AUTORIA, CONFORME A LEGISLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS LEI 9610, de 19 de fevereiro de 1998, "Dos Direitos Morais do Autor", Artigo 24, Inciso II. POR FAVOR, NÃO COPIEM, COMPARTILHEM O LINK. OBRIGADA)

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Ao som da folia de reis em São Caetano do Sul

Textos e fotos: Priscila Gorzoni*





Ó de casa, nobre gente,
  Escutai e ouvireis,
Lá das bandas do Oriente
São chegados os três Reis!

(trecho retirado de Festas
e Tradições Populares do Brasil,
Melo Morais Filho)


Muitos doces e quitandas para festejar a chegada do Dia dos Santos Reis. Os grupos de folia andam durante vários dias e cantam: “Ó de casa, nobre gente, Escutai e ouvireis, Lá das bandas do Oriente, São Chegados os três Reis”...Eles levam o colorido em dezembro para as casas dos moradores de São Caetano, com o intuito de contar o nascimento de Jesus e o significado do Natal.

A primeira vez que vi um grupo de folia de reis, em ação, foi no sul de Minas Gerais. Era então um dia tranquilo, 26 de dezembro, quando ouvi um som de viola, o toque de sanfona e vários homens vestidos com roupas coloridas, três deles dançando na frente do grupo os quais com seus trejeitos e movimentos, assustavam as crianças da cidade.

Descobri que estes eram os “marungos”, cuja função era assustar mesmo. Depois deste grupo avistei outros, eles se espalhavam pela cidade toda e vinham de todas as partes. Cada um com uma bandeira diferente, todas celebrando a visita dos Três Reis Magos e o nascimento de Jesus Cristo. As roupas, de um colorido variado e as músicas com falas especiais. Cada grupo ia passando em frente de uma casa, pedindo licença para entrar e cantar em frente do Presépio. Quem ia na frente pedir licença para a entrada do grupo, era o marungo, ou palhaço. Permitida a entrada na casa, o grupo sacava da viola e começava a entoar a música e cantar seus versos. Entravam cantando, na casa e, em frente do Presépio continuava a cantoria. Isso se repetia nas outras casas e durava o dia inteiro e, as andanças, continuavam até o dia 6 de janeiro, quando era feita a última festa, a Festa da chegada!

O pessoal enfeitava as ruas e os participantes do grupo compravam doces caseiros com o dinheiro angariado nas andanças, para distribuir às crianças que se encontravam na casa ou que acompanhavam a bandeira. Aqui em São Caetano procurei grupos de folia de reis, mas só que ouvia era o desconhecimento de sua existência. Em 2006, após uma caçada sem tréguas, encontrei um grupo que voltava a atuar na função. Eles haviam acabado de formar uma equipe e confeccionar uma nova bandeira. Afinal, grupo de folia de reis sem bandeira, não existe. A bandeira é fundamental, no evento.
Fui a alguns ensaios do grupo que se iniciaram no final de novembro e inicio de dezembro. O ensaio é feito na casa do festeiro, ou dono da “promessa”.




A origem remota da Folia de Reis

Não se sabe ao certo quando nasceu a folia de reis no mundo. Provavelmente foi na Idade Média. Mas, desde os tempos mais remotos, a festa popular dedicada à visita dos três Reis Magos, vindos para ver e conhecer o Deus-Menino, que é comemorada no dia 6 de janeiro em toda a Europa, especialmente em Portugal, França, Espanha, Bélgica, Alemanha e Itália.
A manifestação é considerada um Auto Popular, profano-religioso, pertencente ao ciclo natalino, formado por um grupo de músicos, cantadores e dançadores, que vão de porta em porta anunciar a chegada do Messias e homenagear os Três Reis Magos. Em Portugal a Folia é chamada também de reisado e reiseiros, que tanto pode ser o cortejo de pedintes cantando versos religiosos, como cantos sacros com motivos sagrados da história do nascimento de Cristo.

No Brasil a folia é constituída por grupos, exclusivamente masculinos, de músicos e cantadores que percorrem as ruas da cidade, sítios e fazendas, geralmente entre os dias 20 de dezembro e 6 de janeiro, comemorando o nascimento de Jesus Cristo e cantando em louvor do Deus-Menino. Fazem parte desse roteiro as visitas às casas, de açodo (de surpresa), sem prévio aviso, mas com acordo pré-determinado: chegada, pedido de licença, agradecimento e despedida. Se a porta não for aberta, depois de insistir, o grupo se retira cantando um desagravo.

O Terno de Reis é acompanhado por sanfona, rabeca, caixa e, no nordeste, inclui pífanos (flautas de madeira). Em algumas localidades como Encruzilhada, interior de São Paulo, é costume as crianças saírem às ruas com os rotos pintados de carvão, vestindo sacos e com panos nas cabeças para pedir ´reis`.




 Pelo Brasil

No interior do Brasil, vários grupos saem pelas ruas da cidade e casas da roça com instrumentos musicais, tocando, dançando, cantando versos religiosos sobre a Natividade, os Reis Magos e os Pastores, a caminho de Belém. Os participantes vestem-se de calça ou saiote, com guarda-peito. Portam espelhinhos e fitas coloridas. Na frente do grupo, vão os marungos ou palhaços, usando máscaras e roupas coloridas. Sua função é distrair o Rei Herodes, para permitir a visita dos Reis Magos a Jesus-Menino. E, atrás deles, vão os cantadores e tocadores de viola, sanfona, rabeca, caixa, adufe e triângulo.

Em algumas regiões como o Nordeste incluem-se entre os instrumentos básicos, os pífaros. Em outras localidades como Encruzilhada, no interior de São Paulo, as crianças saem às ruas com os rostos pintados de carvão, vestindo sacos com panos na cabeça e pedindo doces. Todos passam de casa em casa louvando com o seu canto o nascimento de Cristo.

O reisado ou Folia de Reis pode ser apenas a cantoria como também possuir enredos ou uma série de pequenos atos encadeados ou não. Mas geralmente ela segue um roteiro pré-determinado: a canção de chegada, de pedido, de licença, agradecimento (para a doação recebida) e a despedida.

A Folia de Reis também cumpre uma função cultural histórica, através de suas performances os participantes anunciam a chegada do Messias e homenageiam os três Reis Magos. No norte do Brasil, o Dia de Reis marca o final do ciclo de Natal. Na cidade de Natal há uma festa muito concorrida na capela dos Reis Magos é chamada de Limpa, onde são veneradas as imagens que estavam no Forte dos Reis Magos enviadas por El-Rei Dom José em 1725.




Embora existam algumas diferenças de uma região para a outra, no Brasil a folia de Reis começa a partir do dia 25 e vai até o dia 6 de janeiro. Entre um dos aspectos mais importantes da festividade está o da promessa, sem ela o grupo não sai. Algum conhecido procura o grupo da folia e pede para sair em prol de sua promessa, que pode ser um agradecimento ou o pedido de cura de uma doença na família. Os pedidos nunca são rejeitados e Santo Reis, que é forte.


Em São Caetano do Sul

O sábado amanheceu chuvoso e frio. Como boa parte dos sábados do inicio de dezembro. Em uma das casas da Vila São José o churrasco já está adiantado e a fumaceira se avista no inicio da rua. A dona da casa e seus filhos colocaram bandeirinhas coloridas para receber a Companhia de Santa Cecília. Eles saem toda hora no portão para ver se o carro com os foliões chegou. Mas nada.

A chuva fina começa a cair e causa preocupação. Não demora muito e os primeiros começam a chegar. A dona da casa e festeira Sandra Regina de Oliveira Rocha, 48 anos, vem receber na porta de sua casa os foliões. Desde pequena Sandra tem contato com a folia de reis, ela conta que existiam inclusive outros grupos de folias na cidade, mas é a primeira vez que uma companhia de reis vem a sua casa. “Nos anos 70, a minha família recebia os grupos de folias de reis em casa. Eles fizeram o convite no ano passado e para mim isso foi uma honra enorme. Para ser festeiro é preciso receber o grupo em casa, acompanhar a reza e o acolhimento da bandeira”, relata Sandra.

Nesse ano, Sandra contou com a ajuda de toda a família na confecção da comida. Escolheram o churrasco por ser mais rápido e prático e se programaram para o almoço desde o começo do ano.
Diferente das cidades pequenas, que geralmente saem para cantar nos dias 24 de dezembro, nas cidades maiores os dias são fixados conforme a disponibilidade dos componentes do grupo. Esse é o caso da Companhia de Reis de Santa Cecília, o único grupo de reis de São Caetano. Os componentes já saiam com outros grupos, mas há um ano formaram o grupo e passaram a sair em São Caetano.

Acostumados com a correria e as andanças, eles resolveram sair no dia 17 de dezembro porque é a data mais próxima do dia 25 e todos os componentes estão disponíveis. “Como todos trabalham cantamos nas casas das pessoas durante a semana das 19 às 22 horas e nos finais de semana o dia todo”, relata Wilson Maria, 60 anos, desde os 9 na folia e atual embaixador da Companhia de Santa Cecília de São Caetano do Sul. A chegada acontece no dia 6 de janeiro na casa dos festeiros, casal dono da promessa e a festa da chegada acontece em janeiro, esse ano no Clube Águias de São Caetano, ali serão distribuídos os quitutes comprados com o dinheiro angariado nas andanças.

O grupo tem 12 participantes, entre eles: três marungos, sete cantores e dois tocadores. Nos bons tempos de São Caetano, havia mais de 6 companhias na cidade (duas da Vila Gerty, uma da Boa Vista e Fundação). As novas gerações não conhecem a tradição da folia por isso ela está ficando para trás. “A Folia de Reis existe em São Caetano desde o inicio da década de 50 com a formação do grupo Folia de Reis da Vila Gerti que contou com a liderança de Olegário Guerra”.

Seu Olegário é falecido, era natural de Três Corações chegou em São Caetano em busca de emprego no final da década de 40 e para cá trouxe a tradição da folia de reis. “Quando cheguei aqui vinha grupo de fora do Baeta Neves e de São Paulo. Acabei fazendo amizade com o pessoal e me animei a formar um grupo com moradores da cidade. O grupo permaneceu até 2004”, relatou em uma das entrevistas que fiz com ele quando ainda era vivo.

Seu Olegário se lembrava de como era a cidade naquela época e as dificuldades de ir de um lugar para outro. “Era tudo barro, quando cheguei o bairro Vila Gerti tinha poucas casas e em época de chuva era um barro só. Não tinha carro, então muitas vezes a gente ia cantar nos lugares de caminhão ou à pé mesmo. Mas era bom, o pessoal vivia em harmonia e tinha muito respeito pelos mais velhos. Nós entravamos em qualquer lugar e era aquela Fé”, lembrava.

Ele faleceu há alguns anos, mas antes disso me deu longas entrevistas contando um pouco de como era o inicio. Ele dizia: “Sempre tive muita fé nos Santos Reis, já pedi muita coisa para ele e consegui. É preciso continuar a tradição, mas seguir corretamente as regras. A principal delas é o respeito e Santos Reis no coração”, finalizava.

           
BOX

No final da década de 40 São Caetano começa a se industrializar. Perdia o seu caráter rural para entrar em uma nova era a moderna das grandes fábricas e mão-de-obra migrante. Atraídos por esse crescimento de emprego nas industrias milhares de migrantes vindos de todas as partes do Brasil, especialmente Sul de Minas Gerais e o interior de São Paulo mudam a paisagem da cidade. Os migrantes mineiros trazem sua mão de obra mas não apenas isso, carregam seus sonhos, costumes, lazeres e manifestações folclóricas. A história da Folia de Reis em São Caetano coincide com a chegada dos mineiros do sul e a industrialização. Outro aspecto importante é que as populações vindas do sul de minas e interior de São Paulo nessa época se concentraram em alguns bairros da cidade, como a Vila Gerti, São José, divisa com Vila Palmares. Segundo relatos dos participantes mais antigos em 1948 já existia Folia de Reis em São Caetano. O primeiro grupo de folia de Reis formado em São Caetano contou com a participação de alguns moradores da cidade e de São Paulo. Naquela época participavam da folia de São Caetano Pavão do Norte (Sebastião), Tangará (Geraldo Soares), João Pedro, Joaquim Marciliano e seus irmãos, Mané Matias, José Honorato Moreira, José Miguel Vilaça, Chico Carro. A partir do final da década de 1948 Chico Carro fez amizade com os foliões de São Caetano que já pretendiam montar uma Companhia aqui e acabou se unindo ao pessoal da Vila Inhocunhé, Pirituba.


Fonte: O livro das curiosidades de São Caetano do Sul, Priscila Gorzoni


(ESSE TEXTO NÃO PODE SER COPIADO SEM OS DEVIDOS CRÉDITOS DE AUTORIA, CONFORME A LEGISLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS LEI 9610, de 19 de fevereiro de 1998, "Dos Direitos Morais do Autor", Artigo 24, Inciso II. POR FAVOR, NÃO COPIEM, COMPARTILHEM O LINK. OBRIGADA)

Fonte: Abre as portas para os Santos Reis.



*É jornalista, pesquisadora, historiadora. Formada em jornalismo pela Universidade Metodista, com formação em ciências sociais pela USP e Direito pelo Mackenzie, tem especialização em Fundamentos e Artes pelo Instituto de Artes da UNESP de São Paulo e Mestre em história pela PUC de São Paulo. É autora do livro Abre as portas para os Santos Reis da Editora Fundação Pró-Memória, Animais nas Batalhas pela editora Matrix e Os benzedores que benzem com as mãos da editora UCG.

Referências


GORZONI, Priscila. Abre as portas para os Santos Reis, Editora Fundação Pró-Memória, São Caetano do Sul, SP, 2007.





Para saber mais:   http://promemoriasaocaetano.blogspot.com.br/ 

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Lembranças do Cine Vitória e dos docinhos de Tio Vicente
 Por: Priscila Gorzoni*




Andar pelas ruas do centro de São Caetano é navegar pelas memórias do tempo. Poucos locais guardam lembranças do que foram em nossa infância, o que é uma pena. Mas alguns locais nos marcaram tanto que ainda conseguimos fechar os olhos e vê-los exatamente como eram nas décadas passadas. Um desses locais é um grande prédio, que fica entre os cruzamentos das ruas. Senador Roberto Simonsen e a Rua. Baraldi. Esse prédio que já foi Igreja, bingo e uma famosa casa de shows, um dia acomodou o Cine Vitória, que ainda ocupa o imaginário de muitos moradores da década de 1980.

Olhando para esse prédio hoje, que apenas lembra o Cinema pela localização, os ladrilhos escuros e as grande portas centrais me recordo da primeira vez que fui ao cinema.

Era então uma sessão das 14 horas, onde o famoso matinê de domingo exibia em primeira mão o filme: Marcelino pão e vinho. Lá fui eu com minha irmã e mãe comprar o bilhete de entrada no Cine Vitória. Ele era o principal cinema de São Caetano, por isso vivia com longas filas.

Majestoso bem no centro da cidade, o Vitória vivia cheio de gente e nas matinês lotado de crianças barulhentes e comilonas.

Depois desse dia em que entrei na sala de exibição e vi uma enorme sala cheia de cadeiras, nunca mais deixei de visitar o cinema, virei fã. Se passaram os meses, os anos e então foi a vez do ET, um filme muito concorrido que para pegar um bom lugar era preciso chegar bem cedo e enfrentar a fila na porta.

Mesmo quando não tinha filme para assistir eu gostava de dar uma passada na frente do Vitória e ver os cartazes com as próximas exibições.

Para quem não sabe, o Cine Vitória recebeu esse nome justamente em homenagem ao seu criador Vittorio Dal´ Mas, que chegou ao município aos 12 anos e tornou-se um grande empresário. Ele tinha o sonho de construir um grande edifício em São Caetano, mas só concretizou isso após a autonomia político administrativa.

Em 1949 foram feitos estudos e projetos do edifício e em 50 iniciou-se a construção do prédio.

Em 11 de fevereiro de 1995 o Cine Vitória novamente foi lembrado durante uma palestra feita no prédio da Fundação pelo engenheiro Mário Dal´Mas. Nela ele relatou as expectativas da construção do cine Vitória e o burburinho da cidade nessa época. Segundo Mário as construções eram vistas como uma loucura, diziam que tal edifício não poderia ser comportado pela cidade. No entanto a família Dal´Mas continuou firme em seus propósitos até que inaugurou o Vitória em 30 de setembro de 1953 com a presença do então prefeito Anacleto Campanella.

O projeto foi feito com recursos próprios, e constava de um cinema, 56 salas comerciais, vários salões de festas, uma galeria de 12.000 metros quadrados e o restante área comercial. Durante esse tempo o prédio abrigou vários departamentos, entre eles: Poderes executivos, Legislativo, cartório, grêmio e foi palco de exposições de arte (2).

A inauguração do Cine Vitória foi marcada pelo lançamento de uma revista, ela fez tanto sucesso que acabou tendo um segundo número em comemoração ao aniversário da cidade.

Na primeira revista, o Cine Vitória era apresentado ao público com um equipamento de última geração: som e projeção simples X-L, o que o comparava aos melhores cinemas do mundo. Fora isso os filmes exibidos eram os programados pela Companhia Cinematográfica Serrador, Art Palácio, Ipiranga, Bandeirantes, Opera e Broadway. Frente a tanta sedução, o Vitória foi inaugurado numa terça-feira às 21 horas no dia 29 de setembro de 1953. “A avant-premiére foi patrocinada pelo Rotary de São Caetano do Sul, em prol da construção de um posto de puericultura. O filme estrelado era O falcão Dourado em technicolor”, conta Ademir Médici, jornalista (3). Depois dele o Vitória viveu seus autos e baixos. Chegou a se transformar em dois cinemas: Cine Vitória I e II.

Desde o inicio o Vitória contou com poltronas estofadas, sistema moderno de projeção, acústica e ventilação bem cuidadas e uma boa visibilidade já que a sala foi construída em dois planos. Também foi realizado um contrato com a Distribuidora Serrador para que os filmes recém-lançados fossem exibidos em primeira mão (4).

Mais tarde o Vitória viveu sua primeira grande restauração para recuperar o seu estilo original e tentar resistir à invasão dos shoppings. Ele ressurgiria com um novo sistema de iluminação e som em um investimento feito com Cr$ 14 milhões.

É impossível pensar no Cine Vitória e não se lembrar da Doceria Jóia ou do Tio Vicente. Ela ficava em um local estratégico, na esquina da Baraldi e exatamente na frente do Cine Vitória. Os doces ali eram inesquecíveis, um deles eram as pequenas maçãzinhas cuidadosamente modeladas com recheios de amêndoas.

Tio Vicente se chamava Vicente Gombi e chegou a São Caetano do Sul em 1953. Nascido na cidade de Rokovci, na Iugoslavia em 1914 veio para a cidade estimulada pelos amigos que aqui viviam. Morou durante antes no bairro Vila Paula e teve como o primeiro emprego carregar barro na Cerâmica São Caetano. Mais tarde, começou a trabalhar no restaurante Rutly como lavador de pratos e ali pegou o gosto pela culinária. Dali mudou de emprego, desta vez para uma doceria em São Paulo e mais tarde, montou a sua própria doceria. A Doceria Jóia funcionou até o final da década de 1990.

Assim, como a Doceria de Tio Vicente, o Cine Vitória perdeu a força. Foram substituídos por outros estabelecimentos e a dinâmica da modernidade.

No caso do Cine Vitória, a moda de construir cinemas dentro de shoppings enfraqueceu sua majestade e então ele se transformou em uma casa de shows, acabou sendo substituído por outros cinemas da região e da cidade.

A derrocada final do Cine Vitória aconteceu em uma terça-feira 1 de setembro de 1998. Era então um dia comum se não fosse pela última sessão de seu funcionamento. Na sala de cinema apenas 100 espectadores assistiram ao filme norte-americano Armaggedon.

Antes do Cine Vitória surgiram outros cinemas na cidade. As primeiras salas de exibições que se tem notícias apareceram na década de 1910 (1).

Em 1916 foi encontrado o indicio de uma dessas salas em um pedido de alvará para cinematógrafo feito por José Golfetti na Rua. Rio Branco. Outros nesses mesmos moldes manuais foram encontrados pela cidade entre eles um na Rua. Heloisa Pamplona. Mais tarde em 1922 surgiu a verdadeira ideia de cinema então com o Cine Central da Rua. Perrella, 319 propriedade de Attílio Santarelli (1). Aliás a fachada desse cinema ainda pode ser visitada, ela foi restaurada recentemente.

O Cine Central tinha uma curiosidade, quando a sessão ia começar tocavam uma sirene para avisar as pessoas. Eram três toques: o primeiro era o mais forte e podia ser ouvido até a Avenida Goiás. Um dia por semana tinha a sessão das moças, que desde que acompanhadas não pagavam ingresso.



Fonte: O livro das curiosidades de São Caetano do Sul, Priscila Gorzoni

(ESSE TEXTO NÃO PODE SER COPIADO SEM OS DEVIDOS CRÉDITOS DE AUTORIA, CONFORME A LEGISLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS LEI 9610, de 19 de fevereiro de 1998, "Dos Direitos Morais do Autor", Artigo 24, Inciso II. POR FAVOR, NÃO COPIEM, COMPARTILHEM O LINK. OBRIGADA)

Esse texto foi publicado originalmente no http://promemoriasaocaetano.blogspot.com.br/ 


Para saber mais:   http://promemoriasaocaetano.blogspot.com.br/ 

NOTAS:
(1)   XAVIER, Sônia Maria Franco, Os cinemas de São Caetano- Revista Raízes 39, julho de 1991.
(2)   DAL`MAS, Mário, Edifício Vitória: o ideal de um imigrante, Raízes Julho de 1995.
(3)   Jornal Diário do Grande ABC, Grande ABC Memória, Ademir Médici, setembro de 1953.
(4)XAVIER, Sônia Maria Franco, Os cinemas de São Caetano- Revista Raízes 39, julho de 1991.

*É jornalista, pesquisadora, cientista social e mestre em historiadora. Formada em jornalismo pela Universidade Metodista, com formação em ciências sociais pela USP e Direito pelo Mackenzie, tem especialização em Fundamentos e Artes pelo Instituto de Artes da UNESP de São Paulo e Mestre em história pela PUC de São Paulo. É autora do livro Abre as portas para os Santos Reis da Editora Fundação Pró-Memória, Animais nas Batalhas pela editora Matrix e Os benzedores que benzem com as mãos da editora UCG.


domingo, 15 de novembro de 2015

O assustador homem da capa preta
 Por: Priscila Gorzoni*




Hoje é comum sairmos a noite nas ruas e cumprirmos os nossos compromissos, mas nas décadas de 1920 e 30, a maioria das mulheres e crianças tinham medo de sair.

Tudo porque existia uma lenda famosa na cidade de que as mulheres e crianças que andassem pelas ruas eram perseguidas pelo Homem da Capa Preta.
Essa figura famosa e assustadora é descrita como um homem alto, rosto magro, que vagava pelas ruas altas horas da madrugada usando uma longa capa preta. Daí ele passou a ser conhecido como o Homem da Capa Preta.

As mulheres mais antigas contam que a função do Homem da Capa Preta era fazer com que as mulheres e as crianças ficassem em casa a noite e obedecessem seus pais. Tanto que citar o Homem da Capa Preta era como chamar o Homem do Saco, outra famosa assombração que obrigada as crianças a obedecerem seus pais.

Mas não se enganem os que adoram esses relatos folclóricos, segundo depoimentos da época, na década de 1930 e 40, essa figura nada tinha de sobrenatural, muito pelo contrário. Ele o Juiz de Paz João Rela (1) que adorava mostrar como era respeitado, vestindo uma Capa Preta que lhe caia abaixo dos joelhos.

Relato mais contundente dessa figura aparece quando Elvira e Olívia Buso sairam para fazer compras no açougue dos Lorenzini, na Rua Rio Branco, quando já escurecia. Atemorizadas pela escuridão da época, elas já saíram sugestionadas  pelo temor da perseguição do Homem da Capa Preta. Ora, isso foi dito e feito! Pois, quando
 já estavam retornando, deram-se conta de que estavam sendo seguidas por um vulto de Capa Preta. Então puseram-se  a correram, muito assustadas. (2).

José de Souza Martins faz uma análise interessante sobre esse personagem curioso que surge exatamente na época de repressão policial junto aos operários comunistas.

Ademir Médici em Migração e Urbanização: a presença de São Caetano na região do ABC, dedica um pequeno espaço ao personagem. Ele conta que João Rela levou para o túmulo a fama de ser o Homem da Capa Preta. Todos sabiam que ele era o personagem enigmático. No entanto, nunca um inquérito foi aberto e nem uma prova mais concreta foi apresentada. Mas, ficou a versão, assumida por ele próprio, com muito humor, entendida pelos amigos e familiares, colocada, vez ou outra, pela imprensa semanal.

O homem da Capa Preta simbolizava não só uma lenda, mas o rigor disciplinar dos costumes da época, quando raras mulheres e crianças se permitiam sair às ruas altas horas da noite. Portanto, não é à toa que eram as donzelas as mais assustadas com o Capa Preta. Provavelmente usar capa preta na época era coisa rara e com certeza muitos nunca haviam visto uma, fora isso, a negra escuridão, fazia o resto.

BOX: “O vereador Sr. Rela talvez em 3 de janeiro realize a sua esperada conferência em ´si bemol`, conforme prometeu ao povo de São Caetano em 1930, sob o tema O homem da capa preta. S.S. está decorando a primeira e única lauda de sua formidável peça oratória, não querendo imitar seus colegas de bancada: ler discursos. Diz o sr. Rela que não é papagaio”. C.f. O São Bernardo, coluna factos e boatos, domingo, 13 de junho de 1937. Fonte: Médici, Ademir: Migração e Urbanização: Presença de São Caetano do Sul na região do ABC, Editora Hucitec, São Caetano do Sul, 1993.

BOX: Quem foi ele?

João Rela nasceu em Itatiba, SP, em 16 de setembro de 1889, filho de Giácomo e Antonieta Rela. Veio para o ABC na década de 1910. Foi chefe da Estação ferroviária, em Campo Grande e, em 1917, mudou-se para São Caetano, como chefe da Estação local, na ferrovia SPR. Aqui João Rela montou a primeira padaria do Monte Alegre, em 1928. Ele teve também seu escritório de despachante. Foi vereador e Juiz de Paz. Ele também escrevia poemas e contos. Faleceu no dia 3 de junho de 1970, aos 81 anos.





Fonte: O livro das curiosidades de São Caetano do Sul, Priscila Gorzoni

(ESSE TEXTO NÃO PODE SER COPIADO SEM OS DEVIDOS CRÉDITOS DE AUTORIA, CONFORME A LEGISLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS LEI 9610, de 19 de fevereiro de 1998, "Dos Direitos Morais do Autor", Artigo 24, Inciso II. POR FAVOR, NÃO COPIEM, COMPARTILHEM O LINK. OBRIGADA)

Para saber mais:   http://promemoriasaocaetano.blogspot.com.br/ 

Referências Bibliográficas:

CASCUDO, Luis Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. São Paulo: ed. Global, 2002.
________. Geografia dos mitos brasileiros. São Paulo: ed. Global, 2002.
________. Locuções tradicionais no Brasil. São Paulo: Global, 2002.
MÉDICI, Ademir: Migração e Urbanização: Presença de São Caetano do Sul na região do ABC, Editora Hucitec, São Caetano do Sul, 1993.

*É jornalista, pesquisadora, historiadora. Formada em jornalismo pela Universidade Metodista, com formação em ciências sociais pela USP e Direito pelo Mackenzie, tem especialização em Fundamentos e Artes pelo Instituto de Artes da UNESP de São Paulo e Mestre em história pela PUC de São Paulo. É autora do livro Abre as portas para os Santos Reis da Editora Fundação Pró-Memória, Animais nas Batalhas pela editora Matrix e Os benzedores que benzem com as mãos da editora UCG.



sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Uma Capela perdida no tempo

Por: Priscila Gorzoni*


                       Acervo/Fundação Pró Memória de São Caetano do Sul


            Quem vem tranquilamente caminhando pela Avenida Senador Roberto Simonesen, em direção a Avenida Goiás se surpreende ao cruzar com uma rua, uma travessa chamada Rua. Constituição. Entrando nessa rua, bem no meio dela, nos deparamos com uma pequena capela azul, tímida e misteriosa.

Além da Capela dos Cavana existe outra capela na cidade, chamada de Capela de Santo Antônio, que fica na Rua. Constituição sem número, no Bairro Santo Antônio.
            Essa capela, apesar de pequena e escondida é interessante. As paredes são de azulejos bem azuis o que faz um belo contraste com os portões brancos. Apesar da simplicidade, ela se destaca das casas em sua volta. É uma construção que ficou no tempo, na história. Como uma foto preta e branca que fala por si.

            Tímida e curiosa é uma das poucas capelas que sobraram dos antigos moradores da cidade. Ela carrega em suas paredes histórias de São Caetano do Sul.

            A ´verdadeira` Capela Santo Antônio foi construída em 1924 por Ricardo Mariani Molinaro, e ficava na antiga rua. Santo Antônio, atual Avenida Senador Roberto Simonsen. Ela foi demolida e reconstruída em 1960, na Rua. Constituição.

            Esse é sem dúvida um dos pontos mais interessantes e importantes para se visitar na cidade.
            Assim como a Capela Santo Antônio, em todo o ABCD surgiram várias capelas em devoção de diversos santos e santas, mas parece ter sido Santo Antônio o privilegiado.

            Os antigos moradores explicam essa predileção de uma maneira inusitada. Diziam que as famílias assentadas no Núcleo Colonial confundiram em principio, a imagem de São Caetano existente na primitiva capela local, com a de Santo Antônio, porque eram muito semelhantes e ambos os santos carregavam o Menino Jesus nos braços.

            A Capela Santo Antônio foi construída pela família de João Molinari em retribuição a um milagre. Contam que no verão de 1919, desabou um temporal em São Caetano do Sul e a família colocou-se a rezar em torno do oratório que guardava um Santo Antônio trazido de Modena, na Itália em 1885. Quando isso acontecia, uma faísca afetou o telhado e atingiu o oratório, sem causar danos maiores, deixando a imagem do santo ilesa e inclusive mantendo as suas velas acessas.

            Assustados com o milagre, a família construiu uma capelinha e sobre a porta de ferro colocou uma placa de mármore com os seguintes dizeres: “Capela Sant Antonio, Ricordo di Mariana Molinari-1924”.

            A capelinha original foi demolida em 1960 para abertura da rua. Constituição e outra foi construída ao lado da antiga, sendo preservada até os dias atuais, com a imagem centenária.

Box: Os Molinari vieram da Itália para São Caetano do Sul e passaram a morar no bairro Cerâmica. A primeira atividade dos Molinari foi cultivar a terra, construir sua casa de madeira roliça e portas improvisadas de caixões. A casa foi levantada na rua. Projetada, que depois ganhou o nome de Santo Antônio, em função da capela Santo Antônio, dos Cavana, provavelmente onde é hoje a avenida Senador Fláquer. Os primeiros Molinari eram Giovanni Molinari e sua mulher Mariana Nery Molinari. Quando chegaram ao Brasil da Itália, moraram em São Paulo e só em 1894 mudaram-se para São Caetano do Sul.

Em São Caetano, os Molinari foram recebidos pelos Cavana, que viviam em uma colônia que ficaria hoje o cruzamento das ruas. Senador Roberto Simonsen e Baraldi. Os Molinari e Cavana então e tornaram grandes amigos e seus filhos até se casaram. Nos negócios, os Molinari se fixaram no bairro Cerâmica e abriram uma fábrica de colchão chamada Giovanni Molinari & Figli.  

Outra atividade que os Molinari desenvolveram foi no bairro Cerâmica, no trabalho de beneficiamento de caulim. O produto era extraído na Vila Nossa Senhora das Mercês. Eles arrendavam as terras, venciam a mata virgem, andavam de carros de boi até chegar na cava. Carroças e carroções retornavam com caulim até a Estação São Caetano, de onde era enviado aos compradores.




Fonte: O livro das curiosidades de São Caetano do Sul, Priscila Gorzoni

(ESSE TEXTO NÃO PODE SER COPIADO SEM OS DEVIDOS CRÉDITOS DE AUTORIA, CONFORME A LEGISLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS LEI 9610, de 19 de fevereiro de 1998, "Dos Direitos Morais do Autor", Artigo 24, Inciso II. POR FAVOR, NÃO COPIEM, COMPARTILHEM O LINK. OBRIGADA)

Para ver mais posts sobre São Caetano do Sul: http://promemoriasaocaetano.blogspot.com.br/

Referências

Antônio, santo dos italianos, dos portugueses....e de todo mundo, Valdenízio Petrolli, Revista Raízes 13.

Era uma vez....(crônica de uma época), Jayme da Costa Patrão, revista Raízes 4.
Migração e Urbanização: a presença de São Caetano na região do ABC, Ademir Medici.



A morte do Baraldi
Por: Priscila Gorzoni*



Quem conheceu Ernesto Baraldi nunca imaginou que ele teria um triste fim. 

Na década de 40 seu assassinato ganhou as manchetes dos jornais da cidade e marcou uma época da história.

O assassinato aconteceu em sua própria casa e seu corpo ficou durante horas exposto no pátio de seu quintal, que era exatamente onde hoje fica a frente da Matriz, no Centro da cidade.

Quando piso o pátio todo trabalhado em frente a Igreja imagino o corpo do assassinado ali caído, sendo olhado por quem passava, esperando pelo descanso eterno. Fico pensando se o local não se tornou assombrado, assombrado pelos passos de Ernesto Baraldi. Dizem que a noite se ouvem passos no local e vultos estranhos. Verdade ou mentira, o fato é que os Baraldi marcaram um espaço importante na história de São Caetano do Sul.

Os Baraldis viviam em uma grande casa no centro de São Caetano. A casa ficava na Rua. Baraldi e pegava onde hoje é o terreno da Matriz. A casa ficava ao lado da fazenda da família e a praça Cardeal Arco Verde era o quintal. A propriedade abrangia as ruas Santa Catarina, Pará, Rio Grande do Sul, parte da Goiás, entre outras.

A família Baraldi chegou a São Caetano em 1878, na segunda leva de italianos. O patriarca da família era Luiz Baraldi, que teve vários filhos, entre eles Ernesto Baraldi.

Luiz Baraldi veio da Itália com a esposa Luiza Negrelli Baraldi, a sogra Catharina Negrelli e os filhos Primo segundo Baraldi e Ernesto Baraldi. Luiz faleceu no dia 28 de setembro de 1892.

Ernesto era um homem magro, sem estudo que não tirava o chapéu da cabeça para nada.  Ele é descrito como um homem bom, mas gostava de caçar, saia pelas matas matando veados. Ele costumava dizer que caçar um veado era o suficiente, o que não o redimia de seus pecados.

Por outro lado, Ernesto não gostava de mentiras, mas costumava ouvi-lás sem interromper o seu interlocutor. Nessas horas ele costumava esfregar as mãos e dizer: “A pior coisa é você desmentir um mentiroso. Para que isso? A gente não ganha nada em desmentir”.

Ele tinha um lado ecológico, não gostava que tirassem os palmitos da mata e nem de desperdício.

Casou-se como Santina Anna Corradi Baraldi, que era uma mulher muito econômica e brava. O casal teve cinco filhos: dois faleceram e os outros três eram Luiz Primo Baraldi Netto, Egydio Segundo Baraldi e Elza Baraldi. O casal criou duas filhas adotivas: Rosina e Rosa Massolini.   

Os Baraldis eram muito influentes na cidade e por terem doado terras ao município detinham certo poder. Poder esse que foi usado por Santina Anna, quando tentaram mudar o nome da rua que moravam de Baraldi para Mato Grosso. Santina não pensou duas vezes, enfrentou a prefeitura e conseguiu o que desejava. Mas não foi apenas desta vez que mostrou a personalidade forte que tinha, não gostava de caçadas e era econômica ao extremo. Era também muito religiosa por isso não colocou obstáculos a doação de suas terras para a construção da Matriz.

O assassinato de Ernesto aconteceu no dia 25 de dezembro de 1944, quando o filho Egydio ofereceu um prato de coxinhas para o pai.

Egydio então lançou a bandeja para os ares e matou a navalhadas o pai. Para não ser preso, o assassino fugiu para o mato, seguindo pela Estrada das Lágrimas, lá um garoto de bicicleta o reconheceu, chamou os policiais e Egydio foi preso.

Ele foi condenado a 32 anos de prisão, cumpriu 22 e faleceu um tempo depois. Egydio está sepultado em São Caetano.   

             No livro de tombo da matriz Sagrada Família, o padre Alexandre Grigolli escreveu: “A uma hora depois do meio dia morreu assassinado pelo próprio filho, o Sr. Ernesto Baraldi, o maior benfeitor da matriz. O fato horrendo deu-se no próprio pátio da matriz, ficando o corpo da infeliz vitima exposto à curiosidade do público por diversas horas. Deus receba na sua misericórdia o pai infeliz, e dê a graça do arrependimento ao filho mais infeliz”.       

               É provável que o assassinato não tenha sido uma surpresa para Ernesto. Um dia antes, ao visitar uma de suas filhas, ele teria digo que pressentia a sua morte, pelas mãos do próprio filho.


Fonte: O livro das curiosidades de São Caetano do Sul, Priscila Gorzoni


(ESSE TEXTO NÃO PODE SER COPIADO SEM OS DEVIDOS CRÉDITOS DE AUTORIA, CONFORME A LEGISLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS LEI 9610, de 19 de fevereiro de 1998, "Dos Direitos Morais do Autor", Artigo 24, Inciso II. POR FAVOR, NÃO COPIEM, COMPARTILHEM O LINK. OBRIGADA)

Referência:

“Crônicas da rua. Baraldi”, de Ademir Medici, Revista Raízes 3.

*É jornalista, pesquisadora, cientista social e mestre em historiadora. Formada em jornalismo pela Universidade Metodista, com formação em ciências sociais pela USP e Direito pelo Mackenzie, tem especialização em Fundamentos e Artes pelo Instituto de Artes da UNESP de São Paulo e Mestre em história pela PUC de São Paulo. É autora do livro Abre as portas para os Santos Reis da Editora Fundação Pró-Memória, Animais nas Batalhas pela editora Matrix e Os benzedores que benzem com as mãos da editora UCG.



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