quarta-feira, 11 de maio de 2016

Crônicas urbanas

Um passeio de ´índio` no Dia das Mães
Por: Priscila Gorzoni



A minha irmã já havia dito que seria um passeio de ´índio`ir  na véspera do Dia das Mães ao shopping Park da Cerâmica.
Mas não tinha jeito aquele era o último dia da promoção de uma massagem que eu havia ganho e dado a ela.
Então fomos.
Eu sempre achei uma grande bobagem e uma jogada comercial e de marketing essas comemorações de Dia das Mães, Dia dos Pais, Dias das Crianças, entre outros.
Para mim todos os dias é o Dia das Mães e todo dia devemos tratar bem nossos pais e as pessoas com quem dividimos o planeta.
Por isso acho uma hipocrisia algumas pessoas festejarem o Dia das Mães sendo que alguns até tratam suas mães no dia a dia mal.
Em casa sempre presenteamos a nossa mãe com carinho, atenção, respeito e esses para mim são os maiores presentes.
Mas no mundo capitalista qualquer data se transforma em uma desculpa para gastar dinheiro. Qualquer data e as pessoas se tornam meros objetos e mercadorias. Pessoas se vendem por presentes e pessoas ganham as outras com mercadorias.
Para quem não sabe prestar homenagem às mães é uma tradição muito antiga. Na Grécia existia uma feste em honra à Réia, a mãe dos deuses. Já os romanos faziam uma grande festa no inicio de março chamada Matronalia. Na Idade Média os ingleses celebravam o Motherning Day. As pessoas mais pobres moravam na casa de seus patrões e ficavam longe de suas próprias casas.
A data que conhecemos hoje de dia das mães foi uma invenção moderna. Uma jovem professora americana chamada Anna M. Jarvis perdeu sua mãe em 1905 e entrou em completa depressão. Preocupadas com o estado de saúde de Anna algumas amigas tiveram a ideia de perpetuar a memória de sua mãe com uma festa. Mas Anna queria que a festa fosse estendida a todas as mães vivas ou mortas. O grupo passou a escrever para políticos e empresários pedindo a criação dessa data. Em 1908, algumas igrejas de sua cidade, Grafton, Virgínia e da Filadélfia, onde Anna já tinha morado, escolheu a data do dia 10 de maio para a data do aniversário da morte da senhora Jarvis.
Em 1910, a Virgínia foi o primeiro estado a festejar oficialmente o Dia das Mães.
No Brasil, a primeira comemoração do Dia das Mães foi promovida pela Associação Cristã de Moços de Porto Alegre (RS), no dia 12 de maio de 1918 e a data foi oficializada pelo presidente Getúlio Vargas por um decreto de 1932.
Mas voltando ao passeio de ´índio`na véspera do dias da mães, não preciso dizer que o Shopping estava cheio, parecia um formigueiro em que as formigas eram as pessoas.
Pessoas de todas as idades, tamanho, sexo se acotovelavam nos corredores das lojas, do shopping.
O único local que tinham um ambiente de razoável paz era a loja da massagem oriental.
Por incrível que pareça encontramos um bom lugar rápido para estacionar, foi pura sorte mesmo. Assim que entramos em um dos corredores do estacionamento nos deparamos com uma mulher tirando o carro. Deu certinho.
Mas assim que entramos no shopping uma multidão de pessoas com os olhares perdidos nas vitrines andava de um lado para o outro sem saber realmente o que desejavam.
Shopping é o tipo de lugar que me entedia. Após no máximo 20 minutos já estou exausta querendo ir embora. Esse paraíso do consumo não tem luz solar e tudo em seu interior é artificial. Eu sempre fico com uma sensação de sonambulismo.
As vitrines exibem exatamente as mesmas roupas embora sejam lojas diferentes. As roupas expressam a falta de criatividade que a moda vive.
Essa mesmice é observada nas mulheres e homens que andam sem destino pelos corredores desse ambiente artificial chamado shopping.
Para o meu azar eu teria que esperar meia hora a massagem da minha irmã e o que fazer nesse tempo?
Quando olhei para o formigueiro de consumistas se acotovelando fora da loja de massagens desanimei. Só de olhar já me estressei. Então pensei, não vou muito longe, ando em algumas lojas próximas até porque costumo me perder em shoppings.
Então entrei em uma loja, depois entrei em outra e sinceramente nada se destacava de diferente. As roupas eram iguais, só mudavam as cores. Era como se existisse uma loja única com nomes diferentes. Mas tudo era igual, padronizado, normatizado. E as pessoas que olhavam as roupas e andavam pelos corredores também eram iguais, se vestiam de maneira semelhante, faziam gestos semelhantes e consequentemente devem comprar coisas semelhantes.
Nada me agradava.
Entrei no que me pareceu a salvação, a livraria. Mas ali também tinha um formigueiro que mal permitia se ver os livros.
A minha irmã tinha toda a razão era um passeio de ´índio`e por sorte o tempo passou rápido, a massagem dela acabou e fomos embora.
Com uma sensação estranha, a sensação dos paraísos artificiais, a sensação de absoluto vazio, vazio próprio dessa nossa época, dos lugares dessa nossa época.

(ESSE TEXTO NÃO PODE SER COPIADO SEM OS DEVIDOS CRÉDITOS DE AUTORIA, CONFORME A LEGISLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS LEI 9610, de 19 de fevereiro de 1998, "Dos Direitos Morais do Autor", Artigo 24, Inciso II. POR FAVOR, NÃO COPIEM, COMPARTILHEM O LINK. OBRIGADA)  




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