Crônicas urbanas
Um passeio de ´índio` no Dia das Mães
Por: Priscila Gorzoni
A minha irmã já havia dito que seria um passeio de
´índio`ir na véspera do Dia das Mães ao
shopping Park da Cerâmica.
Mas não tinha jeito aquele era o último dia da
promoção de uma massagem que eu havia ganho e dado a ela.
Então fomos.
Eu sempre achei uma grande bobagem e uma jogada
comercial e de marketing essas comemorações de Dia das Mães, Dia dos Pais, Dias
das Crianças, entre outros.
Para mim todos os dias é o Dia das Mães e todo dia
devemos tratar bem nossos pais e as pessoas com quem dividimos o planeta.
Por isso acho uma hipocrisia algumas pessoas
festejarem o Dia das Mães sendo que alguns até tratam suas mães no dia a dia
mal.
Em casa sempre presenteamos a nossa mãe com carinho,
atenção, respeito e esses para mim são os maiores presentes.
Mas no mundo capitalista qualquer data se transforma
em uma desculpa para gastar dinheiro. Qualquer data e as pessoas se tornam
meros objetos e mercadorias. Pessoas se vendem por presentes e pessoas ganham
as outras com mercadorias.
Para quem não sabe prestar homenagem às mães é uma
tradição muito antiga. Na Grécia existia uma feste em honra à Réia, a mãe dos
deuses. Já os romanos faziam uma grande festa no inicio de março chamada Matronalia.
Na Idade Média os ingleses celebravam o Motherning Day. As pessoas mais pobres
moravam na casa de seus patrões e ficavam longe de suas próprias casas.
A data que conhecemos hoje de dia das mães foi uma
invenção moderna. Uma jovem professora americana chamada Anna M. Jarvis perdeu
sua mãe em 1905 e entrou em completa depressão. Preocupadas com o estado de saúde
de Anna algumas amigas tiveram a ideia de perpetuar a memória de sua mãe com
uma festa. Mas Anna queria que a festa fosse estendida a todas as mães vivas ou
mortas. O grupo passou a escrever para políticos e empresários pedindo a
criação dessa data. Em 1908, algumas igrejas de sua cidade, Grafton, Virgínia e
da Filadélfia, onde Anna já tinha morado, escolheu a data do dia 10 de maio
para a data do aniversário da morte da senhora Jarvis.
Em 1910, a Virgínia foi o primeiro estado a festejar
oficialmente o Dia das Mães.
No Brasil, a primeira comemoração do Dia das Mães
foi promovida pela Associação Cristã de Moços de Porto Alegre (RS), no dia 12
de maio de 1918 e a data foi oficializada pelo presidente Getúlio Vargas por um
decreto de 1932.
Mas voltando ao passeio de ´índio`na véspera do dias
da mães, não preciso dizer que o Shopping estava cheio, parecia um formigueiro em
que as formigas eram as pessoas.
Pessoas de todas as idades, tamanho, sexo se
acotovelavam nos corredores das lojas, do shopping.
O único local que tinham um ambiente de razoável paz
era a loja da massagem oriental.
Por incrível que pareça encontramos um bom lugar
rápido para estacionar, foi pura sorte mesmo. Assim que entramos em um dos
corredores do estacionamento nos deparamos com uma mulher tirando o carro. Deu
certinho.
Mas assim que entramos no shopping uma multidão de
pessoas com os olhares perdidos nas vitrines andava de um lado para o outro sem
saber realmente o que desejavam.
Shopping é o tipo de lugar que me entedia. Após no
máximo 20 minutos já estou exausta querendo ir embora. Esse paraíso do consumo
não tem luz solar e tudo em seu interior é artificial. Eu sempre fico com uma
sensação de sonambulismo.
As vitrines exibem exatamente as mesmas roupas
embora sejam lojas diferentes. As roupas expressam a falta de criatividade que
a moda vive.
Essa mesmice é observada nas mulheres e homens que
andam sem destino pelos corredores desse ambiente artificial chamado shopping.
Para o meu azar eu teria que esperar meia hora a
massagem da minha irmã e o que fazer nesse tempo?
Quando olhei para o formigueiro de consumistas se
acotovelando fora da loja de massagens desanimei. Só de olhar já me estressei.
Então pensei, não vou muito longe, ando em algumas lojas próximas até porque
costumo me perder em shoppings.
Então entrei em uma loja, depois entrei em outra e
sinceramente nada se destacava de diferente. As roupas eram iguais, só mudavam
as cores. Era como se existisse uma loja única com nomes diferentes. Mas tudo
era igual, padronizado, normatizado. E as pessoas que olhavam as roupas e
andavam pelos corredores também eram iguais, se vestiam de maneira semelhante,
faziam gestos semelhantes e consequentemente devem comprar coisas semelhantes.
Nada me agradava.
Entrei no que me pareceu a salvação, a livraria. Mas
ali também tinha um formigueiro que mal permitia se ver os livros.
A minha irmã tinha toda a razão era um passeio de
´índio`e por sorte o tempo passou rápido, a massagem dela acabou e fomos
embora.
Com uma sensação estranha, a sensação dos paraísos
artificiais, a sensação de absoluto vazio, vazio próprio dessa nossa época, dos
lugares dessa nossa época.
(ESSE TEXTO NÃO PODE SER COPIADO SEM OS DEVIDOS CRÉDITOS DE AUTORIA, CONFORME A LEGISLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS LEI 9610, de 19 de fevereiro de 1998, "Dos Direitos Morais do Autor", Artigo 24, Inciso II. POR FAVOR, NÃO COPIEM, COMPARTILHEM O LINK. OBRIGADA)
(ESSE TEXTO NÃO PODE SER COPIADO SEM OS DEVIDOS CRÉDITOS DE AUTORIA, CONFORME A LEGISLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS LEI 9610, de 19 de fevereiro de 1998, "Dos Direitos Morais do Autor", Artigo 24, Inciso II. POR FAVOR, NÃO COPIEM, COMPARTILHEM O LINK. OBRIGADA)
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